A Arte Moderna é o conjunto de expressões artísticas que surgiram na Europa no final do século XIX e perdurou até meados do século XX, tem como principal característica o rompimento com os padrões vigentes. Tal aspecto se dá principalmente por conta de seu momento histórico.
Aconteceu em um período de grandes conquistas tecnológicas (como o invento da fotografia e do cinema), além da Revolução Industrial, a Primeira Guerra Mundial e posteriormente a Segunda Guerra Mundial. Assim, a arte também se transforma e passa a exercer cada vez mais um papel contestador, expressando de alguma forma as incertezas e dilemas da contemporaneidade.
Essa expressão artística transformou radicalmente o campo das artes ao quebrar com os formalismos, atingindo inclusive as estruturas gramaticais no campo literário.
As vanguardas são divididas em:
Expressionismo
Fauvismo
Cubismo
Futurismo
Dadaísmo
Surrealismo
Expressionismo
Expressionismo é o nome de uma vanguarda artística europeia do início do século XX. Esse movimento artístico está entre os primeiros representantes das vanguardas históricas e talvez, o primeiro a focar em aspectos subjetivos, valorizando a expressão emocional do ser humano.
Com uma visão trágica do ser humano, muito causada pelo contexto histórico da Primeira Guerra Mundial, o Expressionismo, busca ser uma expressão dos sentimentos e das emoções. Assim, os artistas exageram e distorcem os temas em seu processo de catarse, revelando, sobretudo, o lado pessimista da vida.
Esta escola utilizou a arte enquanto forma de refletir a angústia existencialista do indivíduo alienado, fruto da sociedade moderna, industrializada.
Importantes características desse movimento:
contraste e intensidade cromática;
valorização do universo psicológico, sobretudo de sentimentos densos, como a angústia e solidão;
dinamismo e vigor;
técnica abrupta e "violenta" na pintura, com grossas camadas de tinta;
valorização de temas sombrios, trágicos.
À direita, A boba (1915-16), Anita Malfatti. À esquerda, Retirantes (1944), de Portinari
Edvard Munch é considerado o precursor do Expressionismo, tendo influenciado essa corrente artística com suas obras impactantes e cheias de carga emocional. Sua obra mais importante é "O Grito" (1893). Ela representa uma das telas mais emblemáticas do movimento expressionista.
Outro artista essencial para o surgimento da vertente foi o holandês Vincent Van Gogh, integrante do pós-impressionismo. Uma de suas grandes obras é "A Noite Estrelada" (1889).
A tela O Grito (1893) de Edvard Munch.
A Noite Estrelada (1889), óleo sobre tela, 73 x 92 cm. Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMa)
É frequente a temática da miséria, solidão e loucura, pois é um reflexo do espírito da época. Por outro lado, o Expressionismo defendia a liberdade individual por meio da subjetividade e do irracionalismo. Os temas abordados foram por vezes considerados depravados e subversivos, e buscavam conduzir o espectador à introspecção.
Fauvismo
O Fauvismo teve sua origem na França no início do século XX. Essa tendência foi desenvolvida entre os anos de 1905 e 1907.
A principal característica desse movimento foi a utilização da cor pura, sem misturas, de modo a delimitar, dar volume, relevo e perspectiva às obras. A arte fauvista busca levar o ser humano ao seu estado natural por meio de uma estética primitivista, tal qual o estado de pureza das criações infantis.
Os artistas deste movimento não se preocupavam com os aspectos da composição na pintura, mas sim com as qualidades expressivas que a interpretação pessoal poderia causar.
A dança (1909), de Henri Matisse.
Além disso, o Fauvismo evitou os temas mais deprimentes. Também relegou ao segundo plano aspectos como a forma e conteúdo. Além disso, buscava representar assuntos leves e alegres, sem conotação política ou crítica.
Principais Características do Fauvismo:
utilização de cores puras;
simplificação das formas;
sem compromisso com a representação fiel à realidade;
influência da arte primitivista;
influência da arte pós-impressionista.
Dentre os nomes que influenciaram o movimento estão Van Gogh (1853-1890) e Paul Gauguin (1848-1903). No entanto, os principais artistas fauvistas foram Henri Matisse (1869-1954), Paul Cézanne (1839-1906) e Andre Derain (1880-1954).
Retrato da Madame Matisse (1905), de Matisse.
Cubismo
O cubismo foi uma vanguarda artística europeia marcada pelo uso de formas geométricas. Surgiu no início do século XX na França, esse novo estilo rompeu com os modelos estéticos que só valorizavam a perfeição das formas.
O cubismo pode ser considerado o primeiro movimento a se caracterizar pela incorporação do imaginário urbano industrial em suas obras.
O marco para o surgimento do cubismo foi em 1907, com a tela "Les Demoiselles d'Avignon" (As damas d'Avignon), do pintor espanhol Pablo Picasso. Essa obra apresenta influências visíveis das esculturas africanas e das pinturas do pós-impressionista francês Paul Cézanne.
"Les Demoiselles d'Avignon", Pablo Picasso (1907)
Principais Características do Cubismo
tratamento geométrico das formas da natureza;
os objetos eram retratados em todos os seus ângulos no mesmo plano, constituindo uma figura em três dimensões;
Predominam as linhas retas, modeladas basicamente por cubos e cilindros, dada a geometrização das formas e volumes;
renuncia à perspectiva, assim como ao "claro-escuro";
arte que privilegia o exercício mental como maneira de expressão das ideias;
a natureza passa a ser retratada simplificadamente;
maior abstração sobre os atributos estéticos da obra.
Fases do Cubismo:
Fase Cezannista ou Cezaniana (1907 a 1909)
Também chamada de fase pré-analítica, o nome já indica que esse período foi caracterizado pela influência dos trabalhos do artista plástico francês Paul Cézanne.
Nessa fase, os artistas começaram suas experiências com as simplificações das formas e mais tarde passaram a representar as figuras dispostas em um mesmo plano.
Autorretrato (1907) de Pablo Picasso. Milão, Itália.
Fase Analítica ou Hermética (1909 a 1912)
A fase analítica caracterizou-se pela cor moderada, acentuando-se tons de marrons, pretos, cinzas e ocres. Tal escolha das cores se deu, pois o mais importante era a exibição do tema fragmentado, disposto em todos os ângulos possíveis.
Esse esfacelamento das formas chegou a níveis tão elevados que, ao final, as figuras acabaram por se tornarem irreconhecíveis.
Garrafa e jornal, de Georges Braque.
Fase do Cubismo Sintético (1911)
O cubismo sintético caracterizou-se pelas cores mais fortes e um retorno ao figurativo, na medida em que buscou tornar as figuras reconhecíveis novamente, mas sem voltar a um tratamento realista.
AINDA VIDA COM UMA GUITARRA, por Juan Gris, 1913
Nessa fase, passa-se a empreender o método de colagem, fixando objetos reais na tela, como pedaços de madeira, vidro e metal. Além disso, introduziram recortes de jornais com palavras e números.
Futurismo
O Futurismo teve intensa relação com a literatura, surgindo a partir do Manifesto Futurista, idealizado pelo escritor e poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti.
O movimento futurista predominou principalmente na França e na Itália, em que os artistas se identificavam com o fascismo. Tendo diversos membros do grupo aderido ao partido fascista, ele se enfraqueceu após a Primeira Guerra Mundial, apesar de ter sido retomado no dadaísmo.
Principais características do futurismo:
valorização da velocidade e dinamismo;
exaltação à tecnologia;
ligação ideológica com o fascismo;
ruptura com o passado;
utilização da publicidade e tipografias;
tendência a justificar a violência através do militarismo.
Benedetta Cappa Marinetti (1897-1977) - Visione di Porto
No Futurismo, a valorização da industrialização e da tecnologia enquanto progresso técnico é evidente. Além disso, os parâmetros se baseavam no futuro, na velocidade, na vida moderna, na violência (militarismo) e ruptura com a arte do passado.
Em suas criações, os futuristas buscavam expressar o movimento real, assinalando a velocidade exposta pelas figuras em movimento no espaço. Assim, a pintura futurista, influenciada pelo cubismo e pelo abstracionismo, tinha a pretensão de dinamismo.
Dinamismo de um cão na coleira (1912), de Giacomo Balla.
Em 1910, alguns artistas decidiram elaborar um manifesto futurista dedicado principalmente à pintura. Esse novo documento foi assinado por Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini. Para eles, o que mais importava era a representação do movimento e a rejeição à todo tipo de imobilidade.
Dadaísmo
O Dadaísmo foi um movimento artístico cujo lema era: "a destruição também é criação". Foi considerado o movimento propulsor das ideias surrealistas e tinha um caráter ilógico, anti-racionalista e de protesto. Isso porque, através da ironia, buscava questionar a arte e, sobretudo, seu contexto histórico, com a ocorrência da Primeira Guerra Mundial.
Principais características do movimento dadaísta:
Rompimento com os modelos tradicionais e clássicos;
Espírito vanguardista e de protesto;
Espontaneidade, improvisação e irreverência artística;
Anarquismo e niilismo;
Busca do caos e desordem;
Teor ilógico e irracional;
Caráter irônico, radical, destrutivo, agressivo e pessimista;
Aversão à guerra e aos valores burgueses;
Rejeição ao nacionalismo e ao materialismo;
Crítica ao consumismo e ao capitalismo.
Marcel Duchamps, "Roue de Bicyclette", 1913.
Essa proposta de arte era irreverente e espontânea, pautada na irracionalidade, na ironia, na liberdade, no absurdo e no pessimismo. O intuito principal era de chocar a burguesia da época e criticar a arte tradicionalista, a guerra e o sistema.
Intervenção de manequim pendurado no teto na Primeira Feira Internacional Dadá, 1920
Assim, o dadaísmo é considerado um movimento antiartístico, uma vez que questiona a arte e busca o caótico e a imperfeição.
Duchamp foi um dos nomes do Dadá. À esquerda, posa com Roda de Bicicleta. À direita, Fonte.
Surrealismo
O surrealismo foi uma das vanguardas artísticas europeias que surgiu em Paris no início do século XX. Esse movimento originou-se em reação ao racionalismo e ao materialismo da sociedade ocidental.
A arte surrealista não se restringiu à pintura, também influenciou outras manifestações artísticas: a escultura, a literatura, o teatro e o cinema.
O Surrealismo foi uma dessas correntes e teve como influência o Dadaísmo e a pintura metafísica de Giorgio de Chirico (1888-1978).
Pessoas abstratas comendo no restaurante,
Giorgio de Chirico.
Características dessa vertente artística:
pensamento livre;
expressividade espontânea;
influência das teorias da psicanálise;
criação de uma "realidade paralela";
criação de cenas irreais;
valorização do inconsciente.
A persistência da memória (1931), do pintor
espanhol Salvador Dali.
O surrealismo propõe a valorização da fantasia, da loucura e a utilização da reação automática. Nessa perspectiva, o artista deve deixar-se levar pelo impulso, registrando tudo o que lhe vier à mente, sem se preocupar com a lógica. Os artistas surrealistas tinham como objetivo usar o potencial do subconsciente e dos sonhos como fonte para a criação de imagens fantásticas. Assim, as artes plásticas e a literatura eram vistas como um meio de expressar a fusão dos sonhos e da realidade em um tipo de realidade absoluta, uma "surrealidade".
Famosa pintura surrealista, A traição das imagens (1929), de Magritte em selo postal.
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Fauvismo
Cubismo
Futurismo
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